18/03/2019HistóriaNos nossos tempos, são inúmeros os crentes que consideram não apenas aceitável, mas também necessário, aliar a tradição ao modernismo no que se refere à ideologia e à atuação da Igreja e dos seus fiéis.
Ainda assim, existem pessoas que mantêm uma posição muito mais conservadora e afirmam que, na Igreja, a tradição e o modernismo são incompatíveis. Que base apresenta este grupo para a sua perspetiva quanto à espiritualidade e à religião?
A Igreja Católica tem cerca de 2000 anos como instituição organizada, mas a prática religiosa com base em Cristo tem muitos mais. Ora, é inevitável concluir que a fé, a crença e a doutrina cristãs estão profundamente arraigadas na tradição e dependem dela para a sua continuidade e transmissão fidedigna de geração em geração.
Qualquer crença, assim como é o caso da fé religiosa, está assente em pressupostos fundamentais, sejam eles valores, ensinos ou comportamentos. No contexto da doutrina católica, esses pressupostos são muitas vezes chamados de dogmas.
Por essência do próprio conceito, os dogmas são imutáveis. Se são imutáveis fazem parte de um universo estabelecido de tradição. Sim, a manifestação da fé através de celebrações passa por um desenvolvimento orgânico ao longo dos tempos. Mas os princípios basilares não podem ser apagados, nem novidades doutrinais podem ser introduzidas.
Mas, afinal, o que propõem os modernistas? Para aqueles que pretendem incluir os ideais do modernismo na prática religiosa, a fé baseada em dogmas é algo alterável que deve adaptar-se aos ventos de cada época.
Se é adaptável, a fé torna-se múltipla, separatista, confusa e manipulada, fugindo cada vez mais da crença estabelecida por Cristo. Para os mais conservadores, a questão nuclear reside aqui.
Se qualquer sistema religioso se baseia nos ensinos constantes e intemporais de um Deus ou de um profeta, como é possível que os mesmos sejam distorcidos por agentes exteriores? [...]